O que é prosódia?
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Proin a rhoncus turpis, sed accumsan mauris. Nam eget nisi mauris. Phasellus ac consequat libero. Aliquam ullamcorper nibh vulputate dolor rhoncus, in blandit quam suscipit. Vivamus nec ligula viverra enim posuere ultrices vel ac leo. Pellentesque iaculis tincidunt nisi eget consectetur. Quisque ac pulvinar ante, at iaculis sapien. Praesent molestie scelerisque risus sed ultricies. Suspendisse eget orci semper, tristique orci vitae, tempor urna. Vivamus id consequat tortor, at iaculis odio.
Mauris finibus porttitor quam, sed rhoncus orci ultricies vitae. Mauris interdum eleifend dictum. Vestibulum convallis, nunc id tincidunt iaculis, quam turpis cursus dolor, imperdiet venenatis enim justo et magna. Morbi eget enim luctus, volutpat neque id, convallis nisi. Cras cursus porttitor risus eget ultrices. Proin gravida pharetra dolor in tempus. Ut lacinia odio vitae dolor pretium, sit amet efficitur metus congue. Morbi tristique metus et elit molestie elementum. Aenean et justo ex. Sed lobortis sollicitudin odio sit amet volutpat.
Pellentesque vitae condimentum neque. Nullam imperdiet mauris ut vestibulum dictum. Proin vel orci nunc. Phasellus ultrices ex sed metus vehicula commodo. Integer at tortor sem. Maecenas viverra nibh vitae leo iaculis vulputate. Nulla hendrerit justo id neque hendrerit pulvinar. Quisque porta tellus eget pellentesque pretium. Maecenas pulvinar a ex eget egestas. Donec convallis lacinia sem eu pellentesque. Etiam id dolor quis orci sagittis malesuada. Fusce maximus consectetur aliquet. Praesent sed vehicula lorem. Nullam dictum dolor non faucibus blandit.
Morbi sodales diam luctus erat egestas convallis. Aenean id lectus semper, molestie est quis, sollicitudin lacus. Praesent cursus consectetur ante, at feugiat quam mattis a. Ut sit amet ipsum sed ex convallis tempus. Etiam et lobortis quam. Sed cursus neque erat, sit amet laoreet nisi hendrerit vel. Cras congue nec felis vitae pretium. Proin condimentum accumsan mauris. Curabitur luctus tellus purus, sit amet dignissim velit euismod at. Aliquam rhoncus, lacus sed elementum tempor, ante felis vulputate nibh, sed placerat erat magna ut ex. Praesent felis ligula, volutpat ac neque vitae, lobortis facilisis nisl. Phasellus magna dolor, blandit a eros eu, rutrum scelerisque neque. Pellentesque varius elementum semper.
Fonologia Prosódica
O conceito de estrutura prosódica adotada neste estudo pressupõe, conforme postulado por Selkirk (1984, 1986, 2000) e, especialmente, por Nespor e Vogel (2007 [1986]), que domínios prosódicos hierarquicamente organizados e universais são gerados a partir da interface entre a fonologia e outros módulos da gramática. Segundo as duas últimas autoras, os domínios prosódicos são os seguintes: sílaba, pé, palavra fonológica, grupo clítico, sintagma fonológico, sintagma entoacional e enunciado fonológico. Para a descrição entoacional do português de maneira geral, além do sintagma entoacional (IP) ora mencionado, a palavra fonológica (PW) e o sintagma fonológico (PhP) são também domínios relevantes. Sucintamente, a definição desses três domínios prosódicos, conforme esclarecemos em trabalho anterior (Santos e Fernandes-Svartman 2018: 203), é a seguinte:
Na formação dos domínios prosódicos em português, assume-se, em linhas gerais, que a PW é o domínio prosódico no qual pode haver apenas um acento primário (ou lexical) (Vigário 2003). Por sua vez, PhP corresponde ao domínio que abrange um núcleo lexical e todos os elementos funcionais de seu lado não recursivo que ainda estejam dentro da projeção máxima de tal núcleo; além disso, pode ainda abranger, opcionalmente, o sintagma subsequente que seja complemento não ramificado desse mesmo núcleo lexical (Frota 2000). Já IP consiste em: (i) todos os PhPs em uma sequência que não esteja incorporada estruturalmente à árvore da sentença; (ii) toda sequência de PhPs adjacentes pertencentes a uma sentença raiz; (iii) um contorno entoacional, cujas fronteiras coincidem com a posição nas quais pausas gramaticais podem ser inseridas em um enunciado (Frota 2000). Sobre os domínios prosódicos em português, confira, entre outros: Schwindt (2000, 2001), Vigário (2003), Simioni (2008) e Toneli (2009, 2014) para PW; Frota (2000), Sandalo e Truckenbrodt (2003) e Tenani (2002, 2004) para PhP; e Frota (2000) e Tenani (2002) para IP.
Hierarquia prosódia proposta para o português a partir de Nespor e Vogel (1986).
Fonologia Entoacional
A perspectiva teórica autossegmental-métrica de análise entoacional vem sendo desenvolvida nos últimos 40 anos com base em evidências empíricas de diversas línguas tipologicamente distintas e tem possibilitado a apreensão de unidades discretas e subjacentes ao sistema entoacional de forma precisa e consistente (e.g. Pierrehumbert 1980; Ladd 2008 [1996]; Gussenhoven 2004; Jun 2005, 2014; Frota & Prieto 2015).
Na perspectiva autossegmental-métrica da fonologia entoacional, a variação melódica é interpretada a partir de eventos tonais locais, formados por apenas dois níveis de altura: alto (H, high) e baixo (L, low). Entre os eventos tonais de maior relevância na descrição de propriedades entoacionais do português e dos enunciados aqui discutidos estão os acentos tonais e os tons de fronteira (e.g. Frota 2000; Tenani 2002; Cruz 2013; Frota et al. 2015; Santos 2015; Braga 2018).
Os acentos tonais são movimentos melódicos associados a sílabas metricamente proeminentes, ou seja, portadoras de acento lexical. Eles podem ser tanto monotonais, referindo-se a um pico (H) ou a um vale (L) locais, quanto bitonais, denotados por uma ascendência (L+H, L+H) ou descendência (H+L, H+L). O asterisco indica o tom associado à sílaba tônica e o sinal “+” indica que o acento tonal resulta da combinação de dois tons. Já os tons de fronteira são movimentos melódicos (alto: %H, H%; baixo: L%; ascendente: LH%; descendente: HL%) associados à fronteira de um constituinte prosódico, mais especificamente o sintagma entoacional (IP), sendo realizados nas sílabas limites desse constituinte. Convencionalmente, o sinal “%” anteposto ao tom (ex.: %H) indica uma associação tonal à fronteira esquerda de IP, e quando posposto, à fronteira direita (ex.: H%).
De acordo com a Fonologia Entoacional Autossegmental-Métrica, a associação de eventos tonais à cadeia segmental depende das relações de constituência e proeminência estabelecidas na estrutura prosódica.
Referências
- Frota, Sónia & Pilar Prieto (eds.). 2015. Intonation in Romance. New York: Oxford University Press.
- Gussenhoven, Carlos. 2004. The phonology of tone and intonation. New York: Cambridge University Press.
- Jun, Sun-Ah (ed.). 2005. Prosodic typology: the phonology of intonation and phrasing. New York: Oxford University Press.
- Jun, Sun-Ah (ed.). 2014. Prosodic Typology II: the phonology of intonation and phrasing. New York: Oxford University Press.
- Ladd, D. Robert. 2008 [1996]. Intonational Phonology, 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press.
- Nespor, Marina & Irene Vogel. 1986. Prosodic Phonology. Dordrecht: Foris Publications.
- Nespor, Marina & Irene Vogel. 2007. Prosodic Phonology: with a new foreword. Berlin: Mouton de Gruyter.
- Pierrehumbert, Janet. 1980. The phonology and phonetics of English intonation. Massachusetts Institute of Technology, PhD Thesis.
- Selkirk, Elisabeth O. 1984. Phonology and syntax: the relation between sound and structure. Cambridge: The MIT Press.
- Selkirk, Elisabeth O. 1986. On derived domains in sentence phonology. Phonology Yearbook 3. 371-405.
- Selkirk, Elisabeth O. 2000. The interaction of constraints on prosodic phrasing. In Merle Horne (ed.), Prosody: theory and experiment, 231-261. Netherlands: Kluwer Academic Publishers.
Referências adicionais
- Cruz, Marisa. 2013. Prosodic variation in European Portuguese: phrasing, intonation and rhythm in central-southern varieties. Universidade de Lisboa, PhD Thesis.
- Fernandes, Flaviane Romani. 2007. Ordem, focalização e preenchimento em português: sintaxe e prosódia. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Tese de Doutorado.
- Frota, Sónia. 2000. Prosody and focus in European Portuguese: phonological phrasing and intonation. New York: Garland Publishing.
- Frota, Sónia. 2014. The intonational phonology of European Portuguese. In Sun-Ah Jun (ed.), Prosodic typology II: the phonology of intonation and phrasing, 6-42. Oxford: Oxford University Press.
- Frota, Sónia & João Antônio de Moraes. 2016. Intonation of European and Brazilian Portuguese. In W. Leo Wetzels, João Costa & Ségio Menuzzi (eds.), The handbook of Portuguese linguistics, 141-166. Oxford, UK: Wiley Blackwell.
- Frota, Sónia & Marina Vigário. 2000. Aspectos de prosódia comparada: ritmo e entoação no PE e no PB. In Rui Vieira de Castro & Pilar Barbosa (eds.), Actas do XV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Coimbra: Associação Portuguesa de Linguística; 2000. vol. 1. p. 533-555.
- Frota, Sónia & Marina Vigário. 2007. Intonational phrasing in two varieties of European Portuguese. In Tomas Riad & Carlos Gussenhoven (eds.), Tones and tunes, vol. 1, 265-291. Berlin: Mouton de Gruyter.
- Moraes, João Antônio de. 2008. The pitch accents in Brazilian Portuguese: analysis by synthesis. In Plínio Almeida Barbosa, Sandra Madureira, Carlos Reis (eds.), Speech Prosody 2008: fourth conference on speech prosody, 389-397. Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
- Moraes, João Antônio de & Manuela Colamarco. 2007. Você está pedindo ou perguntando? Uma análise entonacional de pedidos e perguntas no português do Brasil. Revista de Estudos da Liguagem 15(2). 113-126.
- Prieto, Pilar & Teresa Cabré (eds.). 2013. L’entonació dels dialectes catalans. Barcelona: Publicacions de l’Abadia de Montserrat.
- Sandalo, Filomena & Hubert Truckenbrodt. 2003. Some notes on phonological phrasing in Brazilian Portuguese. D.E.L.T.A.: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada 19(1). 1-30.
- Schwindt, Luiz Carlos da Silva. 2000. O prefixo do português brasileiro: análise morfofonológica. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Tese de Doutorado.
- Schwindt, Luiz Carlos da Silva. 2001. O prefixo no Português Brasileiro: análise prosódica e lexical. D.E.L.T.A.: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada 17(2). 175-207.
- Serra, Carolina Ribeiro. 2009. Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: fala espontânea e leitura. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Tese de Doutorado.
- Serra, Carolina Ribeiro & Ingrid da Costa Oliveira. 2018. Observações sobre fraseamento prosódico e densidade tonal no Português de Moçambique. Filologia e Linguística Portuguesa 20(esp.). 95-118. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20iEspecialp95-118
- Silva, Carolina Gomes da et al. 2016. A entoação da ordem no português do brasil: uma descrição dialetal a partir do corpus ALiB. Journal of Speech Sciences 5(2). 29-45.
- Simioni, Taíse. 2008. O clítico e seu lugar na estrutura prosódica em português brasileiro. ALFA: Revista de Linguística 52(2). 431-446.
- Tenani, Luciani Ester. 2002. Domínios prosódicos no português do Brasil: implicações para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos. Universidade Estadual de Campinas, Tese de Doutorado.
- Tenani, Luciani Ester. 2004. A importância da proeminência da frase fonológica no português brasileiro. Revista de Estudos da Linguagem 12(2). 289-318.
- Toneli, Priscila Marques. 2009. A palavra prosódica no português brasileiro: o estatuto prosódico das palavras funcionais. Universidade Estadual de Campinas, Dissertação de Mestrado.
- Toneli, Priscila Marques. 2014. A palavra prosódica no português brasileiro. Universidade Estadual de Campinas, Tese de Doutorado.
- Vigário, Marina. 2003. The prosodic word in European Portuguese. Berlin-New York: Mouton de Gruyter.
- Vigário, Marina. 2007. O lugar do Grupo Clítico e da Palavra Prosódica Composta na hierarquia prosódica: uma nova proposta. In Maria Lobo & Maria Antonieta Coutinho (orgs.), XXII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística – Textos Seleccionados, 673-688. Lisboa: Colibri Artes Gráficas.
- Vigário, Marina. 2010. Prosodic structure between the prosodic word and the phonological phrase: recursive nodes or an independent domain? The Linguistic Review 27(4). 485-530. DOI: http://doi.org/10.1515/tlir.2010.017
- Vigário, Marina & Flaviane Romani Fernandes-Svartman. 2010. A atribuição de acentos tonais em compostos no português do Brasil. In Ana Maria Brito et al. (orgs.), XXV Encontro da Associação Portuguesa de Linguística – Textos Seleccionados, 796-786. Porto: Tip. Nunes Ltda/Maia.